quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Retratografia | Recreate

Regressa o Retratografia: este mês, o desafio era recrear um (ou mais!) retratos, sem limitações de autor, tema ou época. Tentei fugir um pouco da minha zona de conforto e explorar a modelação de luz e retratos que não fossem para mim "escolhas imediatas" mas que, ainda assim, me deixassem com vontade de os recriar.

Pedi, por isso, à minha Mi e ao Zé que fossem os meus modelos. Um feminino e um masculino. Um quadro e uma fotografia. E depois juntei-me à mistura, com uma ode à rainha dos auto-retratos (com uma foto que nunca foi um auto-retrato).

Girl with a Pearl Earing 


A Rapariga com o Brinco de Pérola tem em mim o mesmo efeito que se diz ter a Mona Lisa - quero descobrir quem ela é e o que lhe passa pela cabeça. Este quadro de Johannes Vermeer joga com a luz e a sombra de um modo muito interessante e que me levou imediatamente a querer usar as nossas luzes do palco de ensaios para criar este efeito, pelo seu carácter dramático e forte. Já a Mi foi a modelo perfeita - obrigada por te emprestares a esta miúda misteriosa! Entretanto, sugiro também que espreitem esta fotografia que me apareceu nas pesquisas - um resultado lindíssimo de um jogo de recriação semelhante.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Auto-retrato: Vaidade ou Expressão?

A questão, para mim, está no "porquê" destas imagens - e até que ponto esta questão importa realmente.

Há uns dias discutíamos num ensaio alguns fotógrafos mestres na arte do auto-retrato - ao ponto de alguns deles trabalharem exclusivamente com este tipo de fotografia. E alguém soltou, em tom de brincadeira, um "esta é um bocadinho narcisista!". Mas esta brincadeira deixou-me a pensar: porque é que fazemos estas fotografias? E, numa onda mais relaxada, porque é que tiramos selfies? E no que é que são diferentes?


Selfies vs Auto-retrato?

Tod@s conhecemos alguém que vive para tirar selfies e que as publica todos os dias nas redes sociais. E tod@s conhecemos alguém que nunca as tira e até abdica de bom grado entrar nas de grupo. Na prática, considero que são uma forma quase fast-food de auto-retrato, uma expressão de quem somos e de como nos sentimos num dado momento, no imediato. E isto diz muito sobre a nossa auto-estima: para o bem e para o mal. Há já psicólogos que afirmam que as selfies são responsáveis pelo agravamento de dismorfias corporais e estados obcessivo-compulsivos relacionados com a imagem, que muitas vezes levam a que julguemos real o que vemos nos ecrãs - nunca se esqueçam que as lentes das câmaras causam distorção da imagem! Mas não entremos em detalhes sobre redes sociais porque isso daria toda uma nova discussão. A minha questão é: qual a diferença entre uma selfie e um auto-retrato?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

I've got racing stripes

Sabem aquelas pessoas irritantes que têm sempre alguma coisa para fazer e, se não têm, encontram uma forma de passar a ter? Prazer, eu sou a Joana e sofro desse mal.

Trousers - Bershka | Parka - Zara | Sweater - Mango | Shoes - Lefties
Fotografia - José Santos


Um dia bom para mim é um dia em que fiz imensa coisa, mas sem grande correria para fazer tudo. No entanto, por vezes o "querer fazer tudo" causa uma de duas situações - normalmente, as duas: chegar sempre atrasada e andar num stress desmedido porque já é tarde e já devia ter saído/começado/acabado/etc.. No entanto, não sei viver de outra forma. E nisto lembrei-me deste post dos Palavra-Padrão lá no Instagram.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A originalidade existe?

Isto de ser "original" tem muito que se lhe diga. 

Para dar a minha resposta a esta pergunta com "sim ou não", "preto ou branco", eu diria, embora a custo: não. Já o senti na pele, já vi o debate a acontecer ao meu lado, assisto todos os dias a conteúdo e ideias que cada vez me convencem mais disso, e sei que eu própria sou vítima deste efeito. Acredito piamente que todos somos um produto do que nos rodeia. A nossa história, o nosso contexto, a actualidade, o mundo que nos rodeia, a nossa família, amigos, relações, o nosso poder de compra, os livros que lemos, os filmes que vemos, a situação política, as notícias, (e podia continuar esta lista) constituem estímulos que alimentam o nosso processo criativo e que o influenciam. A nós e a quem nos rodeia.


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Uma pantera cor-de-rosa fora da zona de conforto

Ando muito mais consciente com o que compro? Sim: escolho coisas que sei que vou usar, que sei que preciso e que são suficientemente versáteis para não me fartar delas em dois tempos. Mas tenho um calcanhar de Aquiles: casacos. Se nas compras mais "normais" é-me fácil perceber o que uso e o que vai ficar encostado, permitindo não me sentir culpada ou aborrecida por ter um armário feito de cinzentos, beges, pretos, castanhos, e cores fortes mas sem grandes brincadeiras com padrões, o mesmo já não se pode dizer de casacos. Tenho um fraquinho por aqueles que gritam, que esperneiam, que querem ser espampanantes à força toda.

Este aqui... verdadeira relação amor-ódio. Foi uma compra impulsiva? Yep. Ainda por cima comprado ao preço da chuva e em segunda-mão. Adoro-o? Yep! É tão fofo e tem uma cor tão catita que era impossível não me sentir fofa com ele. Uso-o muito? Eh... não. E o problema está aqui, mas, ao mesmo tempo, está aqui mesmo a piada dele!

Coat - Vintage | Dress - Stradivarius | Bag & Boots - Primark | Earrings - Ebay
Fotografia de José Santos


terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Quando a ficção é real: 1984 e a Coreia do Norte

Há uns tempos, enquanto lia o 1984 de George Orwell, o Zé estava a ler Dentro do Segredo, de José Luís Peixoto. De cada vez que comentávamos o que estávamos a ler, não conseguiamos deixar de notar uma semelhança assustadora entre ambas as obras: a primeira ficcional, a segunda um relato de viagem. Se ainda não leram estes livros, recomendo a leitura - e, se possível, recomendo que os leiam seguidos, como eu fiz. Haverá pequenos spoilers daqui em diante.


Assim que terminei o 1984, deixei a curiosidade levar a melhor e comecei a ler o Dentro do Segredo. E assim que nos é relatada a chegada à Coreia do Norte fiquei com a sensação de que estava a ler a mesma história de novo, desta vez com menos pormenores retro-futuristas mas igualmente estranhos e assustadores.