quarta-feira, 22 de junho de 2016

Fórum de Ideias | Tech Addict

O meu PC avariou. E dei por mim a entrar em pânico porque não podia ficar sem PC durante muito tempo (ok, na realidade talvez tenha sido mais porque não me apetece nada ter que comprar outro).


Até ter começado a pensar um bocadinho mais neste assunto. Ok, vamos lá ver. Que usos dou ao PC? Trabalho - tudo em ordem, uso o PC 90% do tempo mas é o da empresa. E-mail - posso espreitar no telemóvel ou no trabalho. O mesmo para as redes sociais. Blog - posso utilizar os PCs dos meus pais, no biggie. Tenho os meus ficheiros todos no disco externo, portanto tudo controlado. Mas mesmo assim continuava com a sensação de que isto era algo gravíssimo, questões financeiras à parte, porque ia garantidamente ficar sem o *meu* PC durante uns tempos (que agora sei que vão ser 2 ou 3 semanas).

Não vou ser hipócrita e dizer que se o meu PC morrer de vez não preciso de outro para nada. Claro que preciso. Porque quero, porque me dá conforto e autonomia, porque gosto de trabalhar no meu próprio computador. Mas não é o fim do mundo. E permite-me levantar uma questão: qual o impacto da tecnologia no meu dia-a-dia?

Fico com a sensação de que me deixo levar demais por uma sociedade totalmente viciada em tecnologia. Um estudo do ano passado diz que os adolescentes passam, em média, 3 horas por dia na internet - com o alargamento dos tarifários com dados, desconfio que este valor já deve ter subido. Este estudo, também do ano passado, indica que, em média, as crianças portuguesas passam 22 horas por semana a ver TV. Neste artigo da BBC, é referido que a nossa capacidade de concentração está reduzida a 3-5 minutos. Isto é de loucos. De 5 em 5 minutos, verificamos as redes sociais - é óbvio que isto são dados de um estudo localizado, mas permite-nos ter uma noção de como vamos. Bem sei a dificuldade que tinha (e tenho) para estudar, para me manter concentrada. Bloqueava o Facebook no PC e dava por mim a ir vê-lo ao telemóvel. Se não tivesse sido comigo, eu diria que a pessoa que fazia isto tinha um problema.

Não vou estar com falsos moralismos, nem vou estender muito mais a reflexão porque sei que vou dar uma de "ah temos que deixar o online e viver offline", e depois vou começar a partilhar este post nas redes sociais, ir espreitar os vossos comentários ao e-mail, etc., etc., etc. - do you feel the irony? Poupo-me à hipocrisia de dizer que vou largar as tecnologias, porque não vou fazê-lo. Mas é um bom momento para pensar um pouco no tempo que passamos a olhar para um ecrã (seja ele de que tamanho for), e no que perdemos porque não estávamos a olhar para o mundo lá fora. No que perdemos porque preferimos comunicar sem falar, ao invés de comunicar com quem está presente.

Bom, food for thought. Daí desse lado: acham que passam muito tempo agarrad@s aos ecrãs, ou conseguem fugir à tentação sem grande problema?

21 comentários:

  1. Há umas semanas o meu portátil avariou e também foi uma neura. No meu caso, mais justificada: o meu PC era o único em casa (há outros, mas são de trabalho, da minha mãe) e eu não podia comprar outro. Para além disso perdi todos os documentos que lá tinha porque decidi não o arranjar (tem seis anos e já foi arranjado demasiadas vezes).

    Foram alguns dias de pânico até a minha mãe ter trazido um portátil do trabalho dela - eles mudam de PC com alguma frequência e por isso há sempre alguns a mais. Mas, por outro lado, noto sempre uma maior qualidade nos meus dias quando estou longe dos computadores. A internet exerce uma atração brutal sobre as pessoas e dou tantas vezes por mim a estar farta de ver vídeos no Youtube sem conseguir parar. É muito difícil encontrar um balanço, especialmente quando passamos muito tempo em casa.

    Kill Your Barbies

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    1. Entendo, já tive um disco rígido que foi ao ar e bem sei o sufoco que foi perder tudo o que lá tinha - e não ter opções também não ajuda nada! :\

      É precisamente isso. Parece que o pensamento lógico de "tenho que fazer a tarefa x" se esvai completamente. É assustador! De facto é importante encontrarmos formas de nos concentrarmos no que temos que fazer - e quando o que temos que fazer é no PC, mais difícil ainda!

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  2. mesma coisa, no ano passando andei mortinha porque o meu portátil - velhissimo, claro - sobreaqueceu tanto que faleceu. entretanto logo comprei outro, mas a mera ameaça do "vou ficar sem computador" era horrível, menos pelo computador e pelos documentos - que tenho tudo em cloud - mas porque estava em época de exames eeeeeee apesar de não estudar nada era preciso.

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    1. Exactamente o mesmo problema aqui! Mas em princípio tem reparação - isso ou fica um pisa-papéis. Mas desde que me pifou um disco que guardo sempre tudo em disco extrerno, não vá o diabo tecê-las. É um sufoco um bocado estranho lol

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  3. Ora bem eu se calhar agora consigo estar ALGUM tempo sem o meu pc porque tenho um bom telemóvel que faz de computador muitas vezes... Sem telemóvel? Nem um dia LOL tenho lá tudo, é uma desgraça.
    Beijinhos,
    O meu reino da noite ~ facebook ~ bloglovin'

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    1. Hoje em dia já andamos sempre contactáveis. O que às vezes até se torna chato :p

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  4. Muito sinceramente acho que deprimia ahah

    xoxo

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  5. Sinto o mesmo :| Mas até me acho capaz de "fugir à tentação" , apenas grande parte das vezes não quero haha.
    The Fancy Cats

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  6. Muuuuito obrigado, querida :)

    Eu passo bastante tempo ao computador, sim. No entanto, sinto que consigo viver sem ele. Aliás, tenho dias de fazer "detox" e não pegar em nada do que é tecnológico!

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    InstagramFacebook Oficial PageMiguel Gouveia / Blog Pieces Of Me :D

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    1. Muito bem! Eu quando tenho um dia "offline" fico mesmo orgulhosa de mim - isto é tão parvo lool

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  7. Consigo fugir à tentação sem problemas no computador (o que explica porque é que tenho sempre investido pouco no meu blogue, porque apesar do achar necessário não quero que me roube o tempo para outros hobbies que me dão prazer como o desporto, o passeio na praia, o ler um bom livro, o ver o filme X). Mesmo com a fotografia às vezes fico com as fotos na máquina uma eternidade porque me aborrece passá-las para o computador. Já o telemóvel anda sempre à mão e é essencial porque esse sim permite um acesso rápido ao mundo em qualquer instante e não exige que me centre só nele. E quando viajo para o estrangeiro e fico com o acesso à net mais limitado percebo que de facto o telemóvel, parecendo que não, é um vício e nesses momentos é quase um alívio não estar presa a ele e simplesmente aproveitar tudo intensamente e sem distrações tecnológicas.

    A relação da nossa geração (e das futuras) com a tecnologia pode ser útil mas também perigosa e temos que estar atentos para que seja bem doseada.

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    1. Muito bem dito, Vânia. Estarmos atentos, é mesmo isso - e saber dosear é o segredo do equilíbrio!

      A questão de que falas do telemóvel é mesmo verdade. Apercebi-me que afinal o meu aguenta dois dias sem ser carregado quando eu não estou constantemente a usá-lo, e que aqui em Portugal às vezes nem um dia aguenta...bem, o problema não é a bateria, claramente!

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  8. O computador para mim é muito mais do que um simples instrumento para ver séries/redes sociais/afins. É o meu trabalho. Não o uso para trabalhar, é mesmo O MEU trabalho. Sou freelancer e dependo 100% do meu computador. Sem ele, não trabalho, é tão simples quanto isso. Não me considero viciada, mas a minha atividade que me financia depende dele. O truque, mais do que tentar fugir à tecnologia, é saber dosear o nosso offline e online. Não é por passarmos se calhar 6 a 8 horas por dia à frente de um ecrã que isso faz de nós anti-sociais. Eu passo muitas vezes, mais de seis horas no computador, no enquanto quando não estou à frente dele, estou a 100% com as pessoas com quem estou.

    O problema atualmente é poucos terem esse desapego. Porque mesmo quem passa muito tempo longe de computadores e que ah e tal sai muito, a verdade é que mesmo quando saem e estão com amigos, passam mais de metade do tempo com a mente fora do presente, concentrados no passado recente apresentado nas redes sociais...a falta de concentração no presente é a minha maior preocupação, muito mais do tempo "gasto" com a tecnologia.

    Algo Estranho Acontece

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    1. Quando o trabalho é no computador esse é outro mundo - lá está também passo 90% do meu tempo de trabalho no computador e aí não há volta a dar. É uma boa análise esta que fazes, Krystel, de facto há que saber separar os dois mundos e desfrutar do melhor do online e do offline!

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  9. Sou utilizadora de várias redes sociais - Blogger, Facebook, Instagram e Twitter - e visito-as diariamente sendo que o Facebook pessoal é o único que não atualizo com frequência. Já o fazia antes mas agora faço-o também porque o meu trabalho assim exige. E acho que o importante é saber parar e desligar. O mundo online pode consumir-nos mas desde que comecei a trabalhar e a passar os meus dias rodeada de redes sociais e tecnologia, percebi que, ao contrário do que sentia até então, é fácil desligar desse mundo. E não deixo o telemóvel em casa para isso acontecer, por exemplo, basta guardá-lo na carteira e apreciar aquilo que realmente interessa no momento. Ao principio é uma questão de controlo - e também eu passei essa fase -, depois passa a ser natural :)

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    1. Também evito ter o meu telemóvel em contacto comigo. É estranho mas de facto ajuda-me a não ter nenhum "impulso" de o ir ver. Normalmente, havendo companhia, não é necessária a companhia virtual :)

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  10. Já fui mais agarrada ao computador. Consigo passar vários dias sem vir, até porque chego a um ponto em que me aborrece vir ao facebook, por exemplo, que acaba por ser sempre mais do mesmo.
    Mas ainda assim continuo a precisar dele.

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  11. Eu consigo parar e desligar das redes sociais, mas confesso que gosto muito de ter o meu computador :) Já agora o teu PC, é um HP Envy ? Parece-me pela imagem. O meu é muito parecido e com 5 anos, deu-me também problemas recentemente (da placa gráfica), mas compensou arranjar e ficou a funcionar perfeitamente.

    Um beijinho, Joana :)

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  12. Obrigado, querida Joana! Ai é?! É que eu tenho medo de, ao mexer muito, estragar-lhe alguma funcionalidade (sim, sou muito cismático) :P De qualquer das formas também tenho visto alguns tutoriais que têm ajudado imenso :D

    NEW GET THE LOOK POST | Flower Power.
    InstagramFacebook Oficial PageMiguel Gouveia / Blog Pieces Of Me :D

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  13. Eu passo mais do que 8 horas ao computador porque o computador é o meu trabalho. Sendo informática, não há como evitar, até porque o que faço no computador (ainda) não é possível fazer noutro dispositivo como telemóvel ou tablet. Se ficar sem computador, não posso trabalhar, simples assim. De resto, consigo afastar-me perfeitamente bem das tecnologias (embora as adore, e por isso é que fui para a área que fui), se não tiver de trabalhar. Nas férias, posso estar dias sem aceder à Internet e sem me ligar a nada a não ser ao sítio onde estou e às pessoas com quem estou.

    Como algumas pessoas já disseram, o problema não está no número de horas passadas ao computador, telemóvel e afins, mas sim o que fazemos quando estamos lá e se isso afecta, de alguma forma, os nossos relacionamentos. O principal problema, do meu ponto de vista, é quando se está com alguém mas não se está mesmo lá. Considero que estar constantemente a verificar as redes sociais, por exemplo, é uma falta de respeito para com as pessoas com quem supostamente se está fisicamente. Se eu estou contigo, quero que estejas lá a 100% sff :)

    Também tenho um problema muito grande com a necessidade da partilha imediata. Aquele comportamento de: vamos almoçar, a comida chega, a pessoa tira fotos e publica logo, e depois fica sempre a ver se tem reacções. Eu compreendo, gostamos de partilhar coisas, mas é necessário que a partilha seja feita ao segundo? Porque não podemos partilhar mais tarde e aproveitar o momento?

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    1. Touché, Catarina, acho que tocaste mesmo nos pontos chave: a questão da presença a 100% e da partilha imediata - são duas coisas que me tiram do sério, confesso. Exemplo disso são os casos de olhares à tua volta num restaurante e veres as pessoas de cabeça enfiada no telemóvel. Parece que o propósito de ir àquele lugar foi tirar uma foto gira para pôr no Instagram e não desfrutar da companhia e da refeição. Há espaço para tudo, desde que com equilíbrio!

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