Há uns anos, mal acabei de ver o Before the Flood, tomei uma decisão, com lágrimas de medo nos olhos: tinha que fazer alguma coisa. O futuro dos meus filhos, sobrinhos e netos que ainda não tinha - e o meu! - está em risco. Agora que já tenho sobrinhas tudo é muito mais real. Mais ameaçador. Agora que a Amazónia está a arder sem perdão à mão de madeireiros e fazendeiros que querem produzir mais e mais soja para farinha de alimentação de animais - algo que já acontecia mas que piorou, provando que o voto tem impacto real -, a necessidade de agirmos em conjunto é muito mais urgente. Sei que este argumento é muito antropocêntrico, mas pode ser que o egoísmo humano nos salve da catástrofe para todos os seres.
No dia em que saí de casa dos meus pais alterei a minha alimentação: reduzi drasticamente a quantidade de carne que cozinho (dando larga preferência ao frango e porco que têm uma pegada ecológica muito menor); habituei-me a comer vegetais (e apaixonei-me por eles pelo caminho!), de preferência comprados a pequenos produtores nas feiras e mercados; reduzi o tamanho das doses. Garanto que a conta do supermercado está bem menor do que se comprasse muita carne e nada piorou na minha saúde. Parei de comprar roupa "só porque sim" - primeiro porque há contas para pagar e depois por perceber o impacto que essas compras têm no ambiente e na vida de outros. E isto é suficiente? Nem pensar. Estou longe de ser perfeita e nunca exigiria isso a ninguém. Sei que podia fazer muito mais. Eu como carne, eu bebo leite, eu uso o carro, eu faço compras em lojas não-sustentáveis. Mas os dois primeiros R's tornaram-se regra: Recusar e Reduzir. Procuro avaliar se os partidos em que voto têm preocupações ambientais. A acção colectiva terá sempre mais impacto do que a individual. Estou bem longe de ser perfeita, mas tento fazer um pouco para ajudar. E, mesmo ficando com sentimento de culpa, quero saber as consequências dos meus actos.
Não consigo entender quem diz com orgulho que os que falam e se preocupam com o ambiente são uns neuróticos, como se isso fosse uma bandeira de resistência. E quando isso vem de pessoas com filhos e netos, ainda dói mais. Ninguém exige que viremos todos vegans. Apenas se pede que se consuma menos, que se resfrie a comodidade e os hábitos e que se pense mais nas consequências do nosso consumo e da nossa opinião. Não tem que ser 8 ou 80! E o futuro depende disso! Se não for pela Terra ou por nós, que seja pelo futuro dos miúdos!
Conseguimos votar também com o nosso dinheiro. Dizer às empresas que políticas ambientais apoiamos. Indicar os produtos que queremos e em que quantidade os queremos.
Muitos a fazer pouco teria muito mais impacto do que poucos a fazer muito e, acreditem, não é difícil. Por favor. Por nós. Pelos nossos miúdos.
Fonte |
A minha pegada ecológica, de acordo com a calculadora do WWF |
Imaginem o efeito de muitos a fazer pouco...
Não é um "olhem para mim que estou a fazer um esforço". É um "se eu consigo fazer qualquer coisa, todos conseguimos". Estou longe de ser activista ou ambientalista, mas isso não significa que não possa fazer nada. Imaginem se toda a gente abdicasse de carne um ou dois dias por semana - e ninguém deixaria de ser saudável por isso. Imaginem se toda a gente que tem essa possibilidade abdicasse do carro sempre que possível. Imaginem se toda a gente fosse mais conscienciosa quanto à quantidade de roupa e de gadgets que compra. Acho que não preciso de vos falar das consequências do consumo de carne - desde a emissão de metano que leva à destruição da camada de ozono, à desflorestação e consequente redução da produção de oxigénio - e do consumo desenfreado de produtos - com as suas emissões, exploração das minas de lítio, poluição da água, etc. - porque isso está por todo o lado. Basta ler. Imaginem se toda a gente exigisse que os partidos e governantes assumissem políticas de protecção ambiental (basta ver as consequências na China, EUA e Brasil da ausência dessas preocupações).Não consigo entender quem diz com orgulho que os que falam e se preocupam com o ambiente são uns neuróticos, como se isso fosse uma bandeira de resistência. E quando isso vem de pessoas com filhos e netos, ainda dói mais. Ninguém exige que viremos todos vegans. Apenas se pede que se consuma menos, que se resfrie a comodidade e os hábitos e que se pense mais nas consequências do nosso consumo e da nossa opinião. Não tem que ser 8 ou 80! E o futuro depende disso! Se não for pela Terra ou por nós, que seja pelo futuro dos miúdos!
Conseguimos votar também com o nosso dinheiro. Dizer às empresas que políticas ambientais apoiamos. Indicar os produtos que queremos e em que quantidade os queremos.
Muitos a fazer pouco teria muito mais impacto do que poucos a fazer muito e, acreditem, não é difícil. Por favor. Por nós. Pelos nossos miúdos.