Treinar a Mente

Aprender e melhorar algo que queremos desenvolver implica necessariamente conhecer o que existe, treinar, experimentar e saber as regras para poder quebrá-las. Fazer só "por fazer", sem reflectir sobre isso, nunca nos permitirá crescer como devíamos e desenvolver as nossas capacidades. O mesmo se aplica ao nosso crescimento como pessoa.

Passamos tanto tempo com a cabeça colada ao ecrã do telemóvel, que nos esquecemos de olhar para cima. Gastamos tanto em roupas e tretas que usamos uma vez para nunca mais pegar, e a seguir dizemos que a Cultura é cara e que não há dinheiro para bilhetes ou livros. Não é verdade, tudo é uma questão de prioridades (quando a corda não nos está no pescoço, claro).



Sem arte, sem sensações, sem imaginação, seríamos apenas máquinas. Essa não é uma vida que eu queira viver. A fotografia, teatro, literatura, cinema, e qualquer outra forma de arte trazem à superfície aquilo que verdadeiramente nos distingue como seres humanos: a nossa capacidade de interpretar e imaginar, de ver o belo e as histórias no meio de algo que pode ser interpretado de mil formas diferentes se for visto por mil pessoas diferentes.

E, por isso, tenho feito o esforço consciente de me deixar contagiar pelo que é posto à minha disposição: dar prioridade àquilo que verdadeiramente me enriquece. Exposições, livros, filmes, lugares, conteúdos online que têm algo a acrescentar àquilo que sou. Não quero, de forma nenhuma, armar-me em supra-sumo da cultura e da arte - estou bem longe disso. Mas há algo neste tipo de experiência que, num mundo em que o imediatismo e o óbvio são o que mais vende, nos torna melhores pessoas - mais pessoas.

13 Qualidades

Tinha o título deste post em rascunho há imenso tempo, sem nunca ter tido a coragem de começar a escrevê-lo. Quando a Carolina nos sugeriu este tema para o Desafio 1+3 pensei que seria fácil desenvolvê-lo. Afinal, já fui aprendendo a gostar de mim de forma a conseguir escrever sobre 13 qualidades que identifico na pessoa em que me tornei - pensava eu. No entanto, parecia sempre tudo mais interessante, mais fácil, mais importante. Ou, para dizer a verdade, menos assustador. Mas lá escrevi 8. E assim ficou, meses, parado nos rascunhos.


A culpa "cristã" que ainda temos, culturalmente falando, impede-nos, de um modo geral, de reconhecermos aquilo que vemos de bom em nós. Aceitar um elogio com um "obrigada" e um sorriso no rosto ainda é visto por muitos como sinal de que somos presunçosos. Então o que dizer da reacção ao "eu sou bom -nisto-/bonito/forte/etc..": é quase dado como altivez pura e dura. Mas, por um mundo em que tenhamos o direito a reconhecer em nós aquilo que gostamos, é importante começarmos por algum lado.

Assim sendo, - respira fundo -, cá vai!

Retratografia | Put me in a Movie

Se deixei o Retratografia meio ao abandono aqui no blog? Sim. Se o abandonei totalmente? Não! A verdade é que este desafio deixou a minha cabeça aos saltos a cada novo mês (e ainda não acabei!), portanto não podia deixar de ir publicando por cá o resultado.

O tema que vos trago hoje: Put Me in a Movie. Não podia então convidar outra modelo que não a Mi. Apresento-vos a Mi - de novo, porque ela já apareceu nesta edição do Retratografia. A minha Mi(a). Uma entusiasta de cinema e excelente videógrafa, realizadora, produtora - se precisarem de algum destes serviços é falar com ela!


Na primeira conversa fugimos imediatamente para Tarantino - goste-se ou não (e eu gosto), há que admitir que o homem sabe definir uma linha estética para cada filme que faz. Passeamos pelos seus filmes mas acabamos por ficar no clássico. Pulp Fiction, tinha que ser. Rumamos então ao Steak 'n Shake, a quem agradeço imenso por terem sido tão prestáveis e simpáticos, e metemos mãos (e máquina, e modelo, e milkshake) ao trabalho.




A Mi encarnou a Mia. E brincamos com ares misteriosos e desafiadores, danças parvas no meio do restaurante, milkshakes e cerejas e uma barrigada de hambúrgueres e batatas fritas. E partilhar estes momentos com outra geek da fotografia foi tão priceless.

Wabi-Sabi: A Arte da Imperfeição

Quero que cada palavra seja bem escolhida enquanto aqui escrevo. Perco-me nos regressos, e tirar o pó a algo que nos é querido é sempre feito com muito cuidado para não estragar nada do que está por baixo e de que possamos não nos lembrar - pior ainda quando é algo que queremos mostrar ao mundo e não deixar só para nós. Há um bichinho qualquer a moer-me o juízo e a dizer "mas que raio tens tu para acrescentar agora?" e eu esforço-me por lhe responder "olha, não sei, mas quero e posso fazê-lo, e pode ser que acrescente algo a alguém.".

E, portanto, escrevo. Sopro com força e tiro o pó ao blog e aos meus dedos que já não sabem o que é vir aqui parar há uns meses largos. Desculpem a ausência, se é que foi sentida. Ou se calhar só eu é que senti, não sei, é provável.  De qualquer forma, cá fica: não é perfeito, mas é um regresso.

E querendo falar de regressos e de já não saber fazer nada disto, e de querer que seja perfeito, mas sabendo que não o será, repesquei um tema que estava pelos rascunhos há muito - demasiado - tempo: Wabi-Sabi. A Arte da Imperfeição.

O
Jamie Windsor desafia-me a cada vídeo que publica. É um fotógrafo com laivos de filósofo que me deixa sempre a querer saber, ser, ver e pensar mais. E neste em específico fala-nos de Nan Goldin, Tod Hido, Baud Postma e Wabi-Sabi, numa abordagem muito interessante de um conceito que desconhecia - mas que faz todo o sentido.


Wabi-Sabi
Nada é permanente
Nada está terminado
Nada é perfeito

Juntando estes princípios, chegamos à Imperfeição. A Imperfeição gera Individualidade. A Individualidade gera Valor. O Wabi-Sabi não consiste na defesa de que não há problema em haver erros - procura o erro como forma de enriquecer o que é criado. Propositadamente.