Retratografia | Self-Portrait

Retratografia de Abril traz-nos algo que adoro: Self-Portrait. Os auto-retratos fazem parte do meu arsenal de expressão já há muitos anos - com mais ou menos jeito para isso, não importa, e até já vos falei disso por cá - por isso desta vez quis abordar o tema proposto pela Catarina de uma forma diferente, trazendo uma série com um tema único: Reflexos.

O objectivo era captar pedaços da minha vida em forma de reflexo, numa tentativa de mostrar não só quem eu sou, mas também o que me rodeia.

Joana em máquina de peluches na Feira de Março

Joana em porta na Praça dos Leões

Joana e Zé em lâmpada na Rua do Almada

Tentar captar o contexto tornou tudo muito mais complexo: o que é que realmente tem significado, de tal forma que mereça passar para esta série? Procurei então quem, quando e onde estão os pontos importantes de quem sou neste momento. As pessoas, os sítios, os gostos, e a estética.

Nem todos gostamos de amarelo

Mas eu gosto! E acabo por ser um bocadinho apologista do "gostos não se discutem" - porque, de facto, se somos um produto do que nos rodeia, e tendo em conta todos os diferentes contextos e estímulos que cada um de nós tem, é normal que nem tod@s gostemos do mesmo - de amarelo, de roxo, de laranja, de legumes, de bacalhau, de música clássica, de kizomba, ou seja lá do que for. Mas...

Bomber - Bershka | Jeans - Sfera | Boots - Primark | Blouse - Zara (all old)
Fotografia de José Santos


... penso que isso tem limites. Os mais básicos prendem-se com garantir que o nosso gosto não é imposto a ninguém. Exemplo simples? Ouvir música num local público sem phones ou aos berros ao Domingo de manhã de tal maneira que a rua toda ouve! E também gosto de discutir os gostos sempre que esses levam a que não se experimente nada de novo: seja no que toca a cores, música, comida, ou uma actividade qualquer. Faz-me confusão ver alguém com orgulho de dizer que não gosta de x ou y, como se isso fosse um selo de aprovação de alguma entidade oficial. Não é, e pode mudar como muda o vento: basta ter abertura para experimentar coisas novas!

Retratografia | Special Effects

Depois de uma vergonhosa ausência, volto pondo o calendário de publicações em dia: hoje há Retratografia! Para Março, a Catarina desafiou-nos a explorar efeitos especiais - Special Effects. E eu confesso que só consegui começar a pensar nisto já Abril estava bem avançado.

Assim sendo, e apesar de já ter algumas ideias, sinto que foi um pouco em cima do joelho. E ainda assim, tive alguns resultados surpreendentes e outros que...bem, foram um flop, para dizer a verdade! Vamos a isso?

Light painting


A surpresa desta edição: gosto mesmo desta imagem. Correu melhor do que estava à espera - para ser perfeita para mim, só faltava estar perfeitamente focada! Já tinha feito algumas experiências com esta técnica no passado, mas estamos sempre a aprender!

Flash + Longa Exposição


Aproveitando um passeio pelo Porto, pedi ao Zé e à Náná que fossem meus cúmplices. Queria uma imagem urbana, dinâmica e crua. Não foi o resultado perfeito (teve direito a muitos acidentes e podem ver um dos resultados mais abaixo), mas depois de muita edição de cor cheguei a algum lado.

Dilúvio - ou uma viagem ao centro de nós

DILÚVIO. Um verdadeiro dilúvio de pensamentos. Bem sei que este espaço já começa a parecer um cartaz cultural, mas juro que não vos desiludo com esta sugestão.

A residência artística de que vos falei o ano passado regressa pelas mãos da in skené, agora com um novo nome: FORA. O conceito é o mesmo: dar voz a artistas profissionais e trazê-los para perto do nosso público. E traz-nos DILÚVIO, uma criação de Diogo Freitas a partir de textos de Ricardo Neves-Neves. É uma reflexão viva, sagaz e curiosa sobre os nossos dias - aqueles, desde que Noé lidou com a bicheza, e até aos dias em que vivemos para ir para o escritório. Esses todos.




Nas palavras do Diogo Freitas:

"Noé,
Serão vocês sempre como Píramo e Tisbe, entre muros erguidos, só para se apaixonaram através das fendas e se matarem no fim?
Olha em volta.
A Liberdade foi presa por ser uma palavra de acentuação grave.
É necessário fazer um reset.
R-E-S-E-T.
R-E-S-I-S-T-I-R.
Re-existir!
Pega na van e faz-te à estrada, que isto por cá vai tudo na enxurrada.
Quantas vezes? Quantos resets?
Pode ser que voltemos ao mesmo... mas mais devagar..."

"[...] gostava muito que as pessoas se sentassem e parassem um pouco as suas vidas que estão a mil à hora e que nos escutassem. Porque o que está a ser dito aqui neste palco é um alerta, uma chamada de atenção. Existem mil e uma formas de dilúvio: pessoais, comunitárias, literais, metafóricas. Espero que isto ecoe, seja de que maneira for.
Este espaço é um espaço muito marcado mas com margem para a individualização de cada espetador." (em entrevista ao Coffeepaste)