Sou de luas

Veio a vontade de escrever, de regressar. Afinal este bichinho nunca me abandona mesmo quando o meu lado racional diz "que perda de tempo" - há um outro lado qualquer de mim que se sente abandonado, no meio da correia do dia-a-dia, e que sente que merecia mais atenção: aquele meu lado que faz as coisas só pelo prazer de as fazer, sem um objectivo em concreto, sem um propósito que não seja o de criar e partilhar só porque posso. O que o salva é que, de quando em vez, lá me lembro que ele existe. Não quer dizer que volte com a mesma frequência, ou com qualquer frequência que seja, a não ser a que me apetecer, mas é bom não deixar que aquilo de que gostamos ganhe demasiado pó.


Bem sei que já ninguém tem tempo para ler os devaneios do outro. Ou para se preocupar com o que vai na cabeça do outro. Ou talvez seja mesmo uma necessidade de nos focarmos em nós mesmos quando o mundo à volta está um caos - que está. Mas aqui fica o meu devaneio, só pela vontade de o despejar em algum sítio e talvez vos entreter por uns minutos.




Nos últimos meses houve uma casa que se tornou lar, houve afinar de prioridades, houve ausências, regressos, desilusões, sorrisos e certezas, houve desafios que aceitei com medo (mas feliz) e outros que aceitei por sentido de dever (e que tenho que aprender a gerir). Há pensamentos sobre o futuro próximo e a longo prazo, onde estou e onde quero estar. Isto deve ser mal de millenial.


Falta-me olhar mais para mim, para os meus, dar mais atenção ao que me diz respeito e deixar estar sossegado aquilo que não me é pedido. Ai coitadinha de mim! - não, não é nada disso, sou eu que me ponho nesta posição - defeito de fabrico. Um lembrete por escrito pode ser que funcione melhor, pode ser que resulte.


Entretanto, tenho mesmo que dar atenção a este meu lado. Há uns dias a Inês publicou uma story com um pequeno parágrafo sobre deixarmo-nos criar sem filtro, sem expectativas, sem um resultado em concreto em mente, e eu, que nem sou dada a "inspirações", senti aquilo como uma pedrada. Era para mim. Não era para mim como "ser especial que sabe fazer coisas", não, era para mim como ser humano que se deixou cair na rotina e na mesmice. Às vezes esqueço-me de como é bom fazer algo só porque sim. 


Um lembrete por escrito pode ser que funcione melhor, pode ser que resulte. 

Veremos. Olá!