Em 2014 registamos a taxa de abstenção mais alta na história das eleições europeias: apenas 42,5% dos eleitores europeus foram votar. O que significa que 57,5% dos europeus deixaram a escolha na mão dos outros eleitores. Em Portugal, 66,2% dos eleitores abdicaram do seu direito de escolha e da sua voz, segundo o PORDATA.
Mas vale a pena votar?
Talvez já tenham percebido qual é o meu ponto de vista sobre esta questão pelo parágrafo anterior. Não vejo o voto como um direito a exercer apenas se nos apetecer, ou a abstenção como uma arma de arremesso quando achamos que "são todos iguais". Deixar a escolha na mão dos outros eleitores e depois dizer "não quero saber de política, são todos iguais" é descartar-se de toda a responsabilidade que esse direito traz consigo. É perder também o direito de dizer precisamente o que tanto se gosta de apregoar: que é tudo igual e não vale a pena. Mais do que um direito, vejo o voto como um dever - o nosso dever de zelar pelos nossos próprios interesses, individuais e colectivos, como cidadãos de democracias livres e funcionais. Não pretendo vir aqui dar uma de cidadã exemplar ou de tentar dar "lições de moral" a ninguém, mas gostava de ver uma maior participação e interesse por estes assuntos que são, efectivamente, fulcrais na vida de tod@s nós.
Dito isto:
O que se decide nas eleições europeias?
A Europa tem tido mais influência no nosso dia-a-dia do que provavelmente a maioria de nós imagina.- todas as questões relacionadas com legislação, cujas directivas obrigam à alteração das leis em cada país em questões tão vastas como a nossa privacidade, direitos de autor (lembram-se do Artigo 13?), o ambiente, habitação, protecção social, vendas e garantias, contratação pública, finanças, justiça (e a lista continuaria)
- as famosas metas financeiras e económicas que influenciam os nossos impostos e a forma como os mesmos são gastos
- a gestão de todas as crises sociais como é o caso da crise migratória
- medidas relacionadas com o ambiente, alterações climáticas, gestão de resíduos
- a gestão comercial com os países fora da UE (como é o caso das recentes ameaças de alterações às taxas aplicadas aos produtos europeus pelos EUA)
- a atribuição de fundos europeus para os mais diversos fins, como é o caso do projecto Portugal 2020 que tem sido um grande apoio à modernização e inovação do nosso tecido empresarial
- e a lista continua!
Parece estar tudo muito "lá em Bruxelas", mas na verdade está à nossa porta, na nossa casa, nas nossas escolas, na nossa carteira. Num mundo em mudança, com ondas de populismo a surgir um pouco por todo o lado, torna-se a cada dia mais relevante tomar a nossa cidadania como um dos nossos bens mais preciosos e agir de acordo com essa importância e com os nossos valores.
É certo que ninguém nos vai representar a 100% - até eu, que já sei em quem vou votar, sei bem disso e por vezes não estou totalmente de acordo com as posições de quem apoio. Mas política é mesmo isso, é eleger o representante que mais nos agrada e, tanto no momento do voto como depois, garantir que exercemos os nossos direitos e dever de cidadãos e nos fazemos ouvir.
Caso estejam ainda indecisos ou julguem que não há ninguém que vos represente, passem pelo EU and I, uma aplicação que vos guiará pelos programas e posições de cada um dos partidos e vos ajudará a perceber se e quem mais se aproxima das vossas posições - e, pelo caminho, provavelmente vos chamará a atenção para alguns aspectos que nem sabiam que estavam aqui em causa, tal como me aconteceu ao fazer este teste! Já o portal Your Vote Matters tem uma série de recursos que nos permitem testar em quem votar e as consequências de cada cenário possível.
VOTA!
Quando o Brexit é uma realidade - tendo em conta que no Reino Unido o partido que o apoia está à frente nas sondagens para as europeias -, quando os partidos extremistas parecem surgir como cogumelos, quando há candidatos a defender que a conversa de café é válida e informada o suficiente para ser tida em conta pelos decisores políticos, quando se procurar criar um clima de insegurança e de instabilidade que não parece ser apoiado pelas estatísticas, importa percebermos quem queremos a lidar com estas questões. E isto não se faz só à porta de casa - faz-se, também, no parlamento europeu, por quem lá está e por quem nos representa. Por isso, façamos deste um momento de participação e de fazer ouvir a nossa voz!Caso ainda não saibas onde deves votar, basta enviar um SMS grátis para 3838 (escrevendo RE espaço nº de BI ou CC espaço Data de Nascimento no molde AAAAMMDD).
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