Votar nas Eleições Europeias: Para quê?

As eleições europeias aproximam-se a passos largos: no próximo dia 26 de Maio, Domingo, há encontro marcado nas urnas por esse Portugal - e Europa - fora.

Em 2014 registamos a taxa de abstenção mais alta na história das eleições europeias: apenas 42,5% dos eleitores europeus foram votar. O que significa que 57,5% dos europeus deixaram a escolha na mão dos outros eleitores. Em Portugal, 66,2% dos eleitores abdicaram do seu direito de escolha e da sua voz, segundo o PORDATA.

Mas vale a pena votar?


Talvez já tenham percebido qual é o meu ponto de vista sobre esta questão pelo parágrafo anterior. Não vejo o voto como um direito a exercer apenas se nos apetecer, ou a abstenção como uma arma de arremesso quando achamos que "são todos iguais". Deixar a escolha na mão dos outros eleitores e depois dizer "não quero saber de política, são todos iguais" é descartar-se de toda a responsabilidade que esse direito traz consigo. É perder também o direito de dizer precisamente o que tanto se gosta de apregoar: que é tudo igual e não vale a pena. Mais do que um direito, vejo o voto como um dever - o nosso dever de zelar pelos nossos próprios interesses, individuais e colectivos, como cidadãos de democracias livres e funcionais. Não pretendo vir aqui dar uma de cidadã exemplar ou de tentar dar "lições de moral" a ninguém, mas gostava de ver uma maior participação e interesse por estes assuntos que são, efectivamente, fulcrais na vida de tod@s nós.

Dito isto:

O que se decide nas eleições europeias?

A Europa tem tido mais influência no nosso dia-a-dia do que provavelmente a maioria de nós imagina.

- todas as questões relacionadas com legislação, cujas directivas obrigam à alteração das leis em cada país em questões tão vastas como a nossa privacidade, direitos de autor (lembram-se do Artigo 13?), o ambiente, habitação, protecção social, vendas e garantias, contratação pública, finanças, justiça (e a lista continuaria)

- as famosas metas financeiras e económicas que influenciam os nossos impostos e a forma como os mesmos são gastos

- a gestão de todas as crises sociais como é o caso da crise migratória

- medidas relacionadas com o ambiente, alterações climáticas, gestão de resíduos

- a gestão comercial com os países fora da UE (como é o caso das recentes ameaças de alterações às taxas aplicadas aos produtos europeus pelos EUA)

- a atribuição de fundos europeus para os mais diversos fins, como é o caso do projecto Portugal 2020 que tem sido um grande apoio à modernização e inovação do nosso tecido empresarial

- e a lista continua!


Parece estar tudo muito "lá em Bruxelas", mas na verdade está à nossa porta, na nossa casa, nas nossas escolas, na nossa carteira. Num mundo em mudança, com ondas de populismo a surgir um pouco por todo o lado, torna-se a cada dia mais relevante tomar a nossa cidadania como um dos nossos bens mais preciosos e agir de acordo com essa importância e com os nossos valores.

É certo que ninguém nos vai representar a 100% - até eu, que já sei em quem vou votar, sei bem disso e por vezes não estou totalmente de acordo com as posições de quem apoio. Mas política é mesmo isso, é eleger o representante que mais nos agrada e, tanto no momento do voto como depois, garantir que exercemos os nossos direitos e dever de cidadãos e nos fazemos ouvir.

Caso estejam ainda indecisos ou julguem que não há ninguém que vos represente, passem pelo EU and I, uma aplicação que vos guiará pelos programas e posições de cada um dos partidos e vos ajudará a perceber se e quem mais se aproxima das vossas posições - e, pelo caminho, provavelmente vos chamará a atenção para alguns aspectos que nem sabiam que estavam aqui em causa, tal como me aconteceu ao fazer este teste! Já o portal Your Vote Matters tem uma série de recursos que nos permitem testar em quem votar e as consequências de cada cenário possível.

VOTA!

Quando o Brexit é uma realidade - tendo em conta que no Reino Unido o partido que o apoia está à frente nas sondagens para as europeias -, quando os partidos extremistas parecem surgir como cogumelos, quando há candidatos a defender que a conversa de café é válida e informada o suficiente para ser tida em conta pelos decisores políticos, quando se procurar criar um clima de insegurança e de instabilidade que não parece ser apoiado pelas estatísticas, importa percebermos quem queremos a lidar com estas questões. E isto não se faz só à porta de casa - faz-se, também, no parlamento europeu, por quem lá está e por quem nos representa. Por isso, façamos deste um momento de participação e de fazer ouvir a nossa voz!

Caso ainda não saibas onde deves votar, basta enviar um SMS grátis para 3838 (escrevendo RE espaço nº de BI ou CC espaço Data de Nascimento no molde AAAAMMDD).

Dia 26 vamos às urnas!


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