Segunda Mão: Sim ou Não? Como e Onde?

Long story short: um grande, gigante, enorme SIM

Já lá vão uns anos desde que me rendi à segunda mão como origem preferencial das minhas roupas (embora continue ocasionalmente a espreitar as lojas de fast-fashion e, para algumas peças específicas, ainda não tenha dado o salto para a segunda mão). O preconceito que existia de um modo geral parece ter desvanecido um pouco para toda a gente, e ainda bem! Num mundo ideal, gostava de dar o salto para comprar apenas roupa em segunda mão ou em marcas com produção sustentável, mas a verdade é que nem sempre encontro o que quero em segunda mão, ou para certas peças prefiro novo, e muitas vezes os preços são proibitivos quando se tenta optar por marcas totalmente responsáveis. É um caminho a ir fazendo. 


Embora entenda o argumento de que a "febre" da segunda mão torna muitas vezes este mercado mais caro para quem recorre a ele por necessidade financeira, há que reconhecer que tem muitas vantagens: habitualmente é muito mais acessível em termos de preços, comparando com os valores de peças novas; permite aceder a peças únicas, vintage, ou com história, que nunca estariam disponíveis em lojas convencionais; e, a maior e mais importante, permite aproveitar recursos que já foram consumidos e promove assim a economia circular, poupando o ambiente.

Este último aspecto é cada vez mais relevante quando olhamos para a enorme necessidade de pensarmos o nosso consumo e o seu impacto. Este artigo do Público, embora já seja de 2019, tem um conjunto de infográficos de fácil compreensão que nos ajudam a perceber a real dimensão do problema: por ano, são fabricadas 20 peças de roupa por pessoa, e lançadas 50 mini-colecções pelas marcas que todos conhecemos. Ninguém precisa desta quantidade de roupa, e podemos imaginar o impacto ambiental e social desta produção desenfreada. A poluição, consumo de água, emissões de CO2, e o impacto social de um mercado que aproveita condições de trabalho desumanas para rentabilizar os seus produtos são motivo suficiente para nos fazer pensar duas vezes se realmente precisamos daquela t-shirt nova. Não defendo, de todo, que a responsabilidade é do consumidor, mas podemos aplicar o princípio do "put your money where your mouth is". Se queremos um mundo melhor, devemos fazer escolhas que mostrem às empresas que nos importamos com os seus métodos de produção - mesmo que essa escolha não seja pelo corte completo, mas sim pela redução do consumo.

Vamos à prática: onde comprar e como fazer boas compras?


Deixo-vos uma lista de algumas lojas, online e físicas (no Porto) onde já me perdi e onde acho que encontram boas peças e um bom atendimento:


ESTILO VINTAGE

Mon Père (online e física)
Calada Vintage (online e física)
Mão Esquerda (online e física)


MIX: ESTILO VINTAGE E ACTUAL

Jira (esta é minha, e está adormecida, mas vai voltar ao activo!)
Wild at Heart (online e física)


ESTILO ACTUAL



LOJAS FÍSICAS / FEIRAS

Feira da Vandoma
Flea Market
Feira da Sr.ª da Hora
Feira de Espinho
Feira da Ladra


PLATAFORMAS
(nunca usei nenhuma delas mas tenho bom feedback de todas!)

Vestiaire Collective (para peças mais exclusivas)


Para terminar, algumas dicas que são importantes quando estou a fazer compras neste mundo. A verdade é que o estilo e as nossas opções neste campo são completamente ao gosto do freguês, mas há alguns pontos que penso que são comuns:

  • Não se deixem encantar por peças vintage maravilhosas e super "diferentes" que não têm forma possível de se conjugar com o vosso armário ou estilo (a não ser que sejam coleccionador@s). Been there, done that. A lot. E depois fiquei com elas a ganhar pó no armário.

  • No seguimento deste ponto, sugeria outro que quase se aplica a qualquer compra, em segunda mão ou não: procurem algo que bata certo com o vosso estilo e não com aquele estilo que vocês gostavam de ter mas que "não encaixa". Eu adorava usar tacões de 10cm todos os dias, mas não vai acontecer e o melhor é aceitar.

  • Procurem por lojas/locais que batam certo com o vosso estilo. Se não gostam de roupa vintage e só procurarem em lojas que vendem roupa vintage, o resultado é certo: frustração.

  • Fujam de peças com manchas que vos dizem que "ao lavar isso sai" se não quiserem ter trabalho. O mais provável é que já tenham sido lavadas e não saiu. Mas se tiverem paciência e ninja skills no que troca a tratar de roupa, aí já podem arriscar! Eu não tenho, mas peço ajuda à minha mãe, confesso!

  • Não se deixem aldrabar com os preços: há malta a vender roupa da Zara e da Shein em segunda mão ao preço de novo. Não é suposto. Por outro lado, também não peçam borlas, qualquer negócio tem os seus custos (seja renda, salários, tempo, material fotográfico, curadoria, etc.).

  • Online: Não tenham problemas em perguntar sobre defeitos ou pedir mais fotos, medidas, etc. A ideia não é comprar coisas que depois vão ficar encostadas porque não servem ou porque estão em péssimo estado (há quem venda coisas que deviam ir para a reforma...).

  • Online: Procurem reviews d@ vendedor/a antes de comprar, e avancem só se sentirem que a opinião geral é boa.

  • Online: Se escolherem envio em correio normal, saibam que ele se pode perder, os CTT estão...estranhos. Em todo o caso, peçam sempre foto do embrulho e comprovativo de envio que inclua a data.

And that's it! Há fãs de segunda mão por aí? Quais as vossas melhores dicas e recomendações de lojas? E, se ainda não se renderam, porquê?

Boas compras!


1 comentários :

  1. Por acaso acho que nunca comprei roupa em segunda mão. Mas é um conceito interessante, sem dúvida.

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