O Quarto

Quando a nossa casa nos veio finalmente parar às mãos, a minha cabeça andava a mil ao imaginar as possibilidades de ter um espaço verdadeiramente nosso, onde podíamos sentir-nos realmente confortáveis e transformá-lo num lar. 


A primeira divisão que ficou minimamente "pronta" foi, claro, o quarto - afinal de contas, precisávamos de dormir em algum lado mesmo que a casa estivesse virada do avesso (que esteve, durante muito tempo), e a minha mania de arrumar antes de dormir nunca me deixaria descansar enquanto o quarto não estivesse minimamente habitável e arrumado. Desde então já sofreu algumas alterações, arranjos pontuais e tweaks que me vão surgindo. Não digo que esteja 100% terminado mas está perto - mas sei que vão sempre surgindo ideias e projectos de DIY novos. Entretanto, deixo-vos espreitar o nosso quarto no seu estado actual!



O Início


Paredes ok, tecto cheio de condensações porque os antigos donos não abriam as janelas, uma parede com um painel de madeira envernizado com um verniz cor-de-laranja, um "closet" preto - que na verdade é um armário enorme encaixado num walk-in sem porta - que parecia um buraco negro mesmo em frente à cama. Não recebemos nenhuma desgraça, mas sem dúvida que tínhamos muito o que fazer para deixar este espaço como queríamos: leve, airoso, calmo e confortável, com madeiras à vista e toques de materiais "em bruto" - acabamos depois por perceber que a corda ia ser um elemento repetido.


Segunda Mão: Sim ou Não? Como e Onde?

Long story short: um grande, gigante, enorme SIM

Já lá vão uns anos desde que me rendi à segunda mão como origem preferencial das minhas roupas (embora continue ocasionalmente a espreitar as lojas de fast-fashion e, para algumas peças específicas, ainda não tenha dado o salto para a segunda mão). O preconceito que existia de um modo geral parece ter desvanecido um pouco para toda a gente, e ainda bem! Num mundo ideal, gostava de dar o salto para comprar apenas roupa em segunda mão ou em marcas com produção sustentável, mas a verdade é que nem sempre encontro o que quero em segunda mão, ou para certas peças prefiro novo, e muitas vezes os preços são proibitivos quando se tenta optar por marcas totalmente responsáveis. É um caminho a ir fazendo. 


Embora entenda o argumento de que a "febre" da segunda mão torna muitas vezes este mercado mais caro para quem recorre a ele por necessidade financeira, há que reconhecer que tem muitas vantagens: habitualmente é muito mais acessível em termos de preços, comparando com os valores de peças novas; permite aceder a peças únicas, vintage, ou com história, que nunca estariam disponíveis em lojas convencionais; e, a maior e mais importante, permite aproveitar recursos que já foram consumidos e promove assim a economia circular, poupando o ambiente.

Este último aspecto é cada vez mais relevante quando olhamos para a enorme necessidade de pensarmos o nosso consumo e o seu impacto. Este artigo do Público, embora já seja de 2019, tem um conjunto de infográficos de fácil compreensão que nos ajudam a perceber a real dimensão do problema: por ano, são fabricadas 20 peças de roupa por pessoa, e lançadas 50 mini-colecções pelas marcas que todos conhecemos. Ninguém precisa desta quantidade de roupa, e podemos imaginar o impacto ambiental e social desta produção desenfreada. A poluição, consumo de água, emissões de CO2, e o impacto social de um mercado que aproveita condições de trabalho desumanas para rentabilizar os seus produtos são motivo suficiente para nos fazer pensar duas vezes se realmente precisamos daquela t-shirt nova. Não defendo, de todo, que a responsabilidade é do consumidor, mas podemos aplicar o princípio do "put your money where your mouth is". Se queremos um mundo melhor, devemos fazer escolhas que mostrem às empresas que nos importamos com os seus métodos de produção - mesmo que essa escolha não seja pelo corte completo, mas sim pela redução do consumo.

Vamos à prática: onde comprar e como fazer boas compras?


Deixo-vos uma lista de algumas lojas, online e físicas (no Porto) onde já me perdi e onde acho que encontram boas peças e um bom atendimento:

Virei plantmana: a história de um vício e como parar de ser plantkiller

Corria o belo mês de Outubro de 2017 quando fui viver sozinha. Foi aí que começou o meu caminho rumo à selva que é hoje a nossa casa. Os primeiros meses - arriscaria até dizer o primeiro ano - foram, digamos... desastrososos. Absolutamente desastrosos para as minhas plantas, embora a vontade de querer ter sucesso fosse grande. Portanto, fear not: se eu consegui dar a volta ao meu black thumb e torná-lo num green thumb (ou um ligeiro vício, vá), qualquer pessoa consegue!



Sendo honesta: fui na onda que a pandemia nos levou. Já tinha o bichinho em mim, mas foi preciso chegar o confinamento para eu aprender, de uma vez por todas, o que estava a correr mal. A plantmania que assolou o mundo trouxe-me mais fontes de informação - olá @tripeirinha, Sofia, a deusa tripeira das plantas! - e mostrou-me qual era o meu modus operandi na minha onda de matança. Se puderem reter um conselho dest post, que seja este:


 REGAR SÓ QUANDO O SOLO ESTÁ SECO!


Vamos simplificar. Se tiverem conseguido aguentar este ano e meio sem ser apanhad@s pela febre das plantas, mas ainda quiserem apanhar a onda, ficam as minhas 5 melhores dicas para aguentar as bitxas vivas:

Sou de luas

Veio a vontade de escrever, de regressar. Afinal este bichinho nunca me abandona mesmo quando o meu lado racional diz "que perda de tempo" - há um outro lado qualquer de mim que se sente abandonado, no meio da correia do dia-a-dia, e que sente que merecia mais atenção: aquele meu lado que faz as coisas só pelo prazer de as fazer, sem um objectivo em concreto, sem um propósito que não seja o de criar e partilhar só porque posso. O que o salva é que, de quando em vez, lá me lembro que ele existe. Não quer dizer que volte com a mesma frequência, ou com qualquer frequência que seja, a não ser a que me apetecer, mas é bom não deixar que aquilo de que gostamos ganhe demasiado pó.


Bem sei que já ninguém tem tempo para ler os devaneios do outro. Ou para se preocupar com o que vai na cabeça do outro. Ou talvez seja mesmo uma necessidade de nos focarmos em nós mesmos quando o mundo à volta está um caos - que está. Mas aqui fica o meu devaneio, só pela vontade de o despejar em algum sítio e talvez vos entreter por uns minutos.




Nos últimos meses houve uma casa que se tornou lar, houve afinar de prioridades, houve ausências, regressos, desilusões, sorrisos e certezas, houve desafios que aceitei com medo (mas feliz) e outros que aceitei por sentido de dever (e que tenho que aprender a gerir). Há pensamentos sobre o futuro próximo e a longo prazo, onde estou e onde quero estar. Isto deve ser mal de millenial.


Falta-me olhar mais para mim, para os meus, dar mais atenção ao que me diz respeito e deixar estar sossegado aquilo que não me é pedido. Ai coitadinha de mim! - não, não é nada disso, sou eu que me ponho nesta posição - defeito de fabrico. Um lembrete por escrito pode ser que funcione melhor, pode ser que resulte.


Entretanto, tenho mesmo que dar atenção a este meu lado. Há uns dias a Inês publicou uma story com um pequeno parágrafo sobre deixarmo-nos criar sem filtro, sem expectativas, sem um resultado em concreto em mente, e eu, que nem sou dada a "inspirações", senti aquilo como uma pedrada. Era para mim. Não era para mim como "ser especial que sabe fazer coisas", não, era para mim como ser humano que se deixou cair na rotina e na mesmice. Às vezes esqueço-me de como é bom fazer algo só porque sim. 


Um lembrete por escrito pode ser que funcione melhor, pode ser que resulte. 

Veremos. Olá!


Jiji à Suisse: As cidades saídas dos contos

Neste marasmo, em que o tempo parece não passar e, simultaneamente, parece passar rápido demais, os planos ficam virados do avesso. Andamos por cá num reboliço para tentar perceber quando poderemos voltar à Suíça - a família cresceu e queremos muito poder finalmente conhecer a nova piquena que nos veio alegrar os dias! No entanto, tod@s sabemos que neste momento as coisas não estão famosas, e, por isso, a única forma de viajar é através da memória. Revisitemos então o ano de 2018.

Mürten, La Neuveville, Neuchâtel, Berna. Visitamos algumas cidades em torno da região onde ficámos, cada uma com a sua própria magia, e todas elas lindíssimas.

Segue-se uma avalanche de fotos, e uma dose um pouco mais pequena de informação - porque a memória não é tão boa como o arquivo fotográfico, infelizmente!

MÜRTEN

Começo pela cidade que me surpreendeu por ser tão pequena e, ao mesmo tempo, tão rica: Mürten parece saída directamente de um conto de fadas. A sua zona histórica está pejada de casas com fachadas melancólicas e coloridas, tão bem cuidadas que quase diria que deve haver um qualquer exército de gnomos que toma conta delas durante a noite - ou então são mesmo os suíços que, de facto, são tão minuciosos e cuidadosos como conta a lenda. Conta ainda com uma muralha que, não sendo muito alta, tem a altura perfeita para ter uma vista lindíssima sobre a vila e a natureza envolvente ao mesmo tempo que nos sentimos inseridos nela. Se estiverem na zona é, sem dúvida, um local a visitar e a percorrer com calma e olhos e coração abertos!







LA NEUVEVILLE

Paramos em La Neuveville para almoçar num banco junto ao lago e, sem o sabermos, foi a decisão acertada. Encontramos uma vila igualmente bonita, igualmente pitoresca, mas com mais vida nas veias, embora mais pequena do que Mürten: famílias com miúdos a brincar nos parques, o movimento normal de uma vila em zona de passagem, e comércio em lojas carregadas de flores e um ar convidativo. Perdemo-nos pelas ruelas quase sem dar pela passagem do tempo, e o que seria só uma paragem para almoço tornou-se em mais uma caminhada em que os olhos saltavam de pormenor bonito em pormenor bonito.